quarta-feira, 5 de junho de 2019

A pior prisão não é aquela que te priva de liberdade entre quatro paredes, seja por 4 meses, 40 anos, 4 séculos(no caso de sua alma), mas aquela que está dentro de você, aquela que te oprime a todo momento, com inseguranças, medos e até mesmo ceifa a vontade de alçar novos voos, novos ares, te impede no seu íntimo de criar, de soltar o ar preso em seus pulmões em um grito de socorro, de poder ficar só, pensar, enxergar momentos seus sem a presença de ninguém, afinal tudo que excede, sobra.

O que sobra geralmente, usamos como compostagem ou descartamos; mas como descartar algo que não tem como, algo que está incomodando dentro de você e por mais que tente ter sensibilidade e tato para lidar com isso, você já perdeu o feeling há muito tempo. Como saber o momento certo de explodir ou de calar ou de amar ou mesmo de gritar por socorro e liberdade?

Uns chamam de depressão, outros de opressão, outros de vilipendiar liberdade alheia, mas como definir algo que te sufoca e mesmo assim você não sabe como romper esses grilhões?

Como enxergar que o oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença? Que no caso do não amor o que impera é o medo? Mas medo do que? Porque esse medo, essa fuga de um lugar que não existe a não ser dentro do seu peito que está sufocado e precisa respirar a qualquer custo?

Como se evadir de um local que não tem paredes, portas, janelas ou mesmo que um dia tenha tudo isso é abstrato, pois está na sua alma, que sangra por dentro devido uma dilaceração profunda e aguda que foi causada talvez por anos e anos a fio de casos e mais casos vazios e que hoje se instauraram em você como parte ínfima porém latente?

Dúvidas pairam sobre seus pensamentos, elas existem, elas são claudicantes e perspicazes em determinados momentos, em outros são cruéis, são fulgás, são aterrorizantes, te colocam a beira da insanidade e te devolvem a realidade como um sopro de um furacão, tamanha o despertar para uma realidade que te assombra e as vezes te instiga a ver até onde pode ir. Desafiar seus limites, tentar ver se o fio da vida é tão frágil como já descreveram tantos e tantos pensadores gregos em suas ilíadas, ver se realmente dançar sobre a lâmina que interpõem a morte é tão perigoso assim, enfim explorar algo que nunca te incomodou, o medo. 

Sim o medo que apavora tantos, que os joga na depressão, o medo que tange a vida humana a milênios, desde a sua criação, seja o medo do caçador que tem de pegar água a beira do rio sem que o crocodilo coma seu bebê que está na margem, seja o medo que aflige o aventureiro pendurado a beira de um penhasco sem proporções de fundo, quando sua corda está rompendo centímetro a centímetro e ele não tem aonde segurar para terminar essa escalada e vê que o fim é proeminente. Medos de ceifar a vida? porque? por ser passageira e você não ter tido tempo de conhecer todos os lugares que queria ou mesmo ter espaço para ficar só? 

Sim o medo, algo que não deveria existir em nossos vocabulários, porém é parte presente de nossa educação e criação, desde pequenos somos instigados pelo "não faça isso, não faça aquilo..." gerando medos e insegurança, mas e quando você nunca teve limites e nunca teve que se preocupar com nada além de sua liberdade de poder ir e voltar quando quer e bem entende? Quando isso é ceifado de sua vida, te privam das asas, das estradas, das caminhadas solitárias e pensativas que tanto te energizam, porém isso não representa uma prisão efetuada pela justiça, em presídios, celas de concreto, mas dentro de você, dentro de suas expectativas frustradas por situações adversas e que ninguém pode responder porque não sabe de sua dor, não sabe de seu desespero, de sua aflição...

Gritar resolve? dizem que emana energia, mas a física ainda não comprovou esse ensaio científico. Quebrar tudo ao redor, dizem que alivia, porém repor tudo depois vai despender energia, estresse, dinheiro, você só irá trocar seis por meia dúzia. Enfim como soluciona isso tudo? Como achar a resposta para essa situação tão complexa, pois você não pode se dar ao luxo de errar, existem cobranças que ceifaram sua mente, pensamentos pela eternidade, logo você que sempre teve solução para tudo, agora se vê perdido e vazio, desesperador tudo isso, a dor em seu peito sufoca, machuca, te dá vontade de rir, chorar, gritar, mas nada disso alivia essa zona toda na mente.

DEUS, já te deu várias chances de reavaliar suas escolhas,o diabo por sua vez vem e bagunça a porra toda, um te mostra salvação e pede paciência, outro te mostra as chaves de uma liberdade que vai te aprisionar mais ainda..... Como diria um velho amigo: "Situação do caralho, se correr o bicho come, se ficar ele pega...." o ditado não está errado, se correr o demônio te pega na curva, se ficar DEUS te pega pelas orelhas e te põe de castigo até você conseguir com sua mente limitada entender tudo isso. "Eu deveria estar contente por usar apenas 10% da minha mente animal....." já cantou um dia Raul Seixas.

Tudo isso é um desabafo, mas não para ninguém, para si mesmo, um momento de decidir o que melhor lhe apetece, o que melhor te faz ter tesão em viver, não quero piedade de ninguém, conselho de ninguém, quero apenas poder tirar esse peso que está me sufocando o peito e não consigo identificar o que causa tudo isso, quando identificar saberei como lidar, seria o excesso de liberdade que hoje me faz falta? seria a vontade de ficar um bom tempo sozinho? enfim o que acontece dentro do meu ser que está me fazendo morrer um pouco a cada dia e perder a vontade de seguir em frente? Não estou depressivo, pois ainda amo ouvir música, amo ficar com meus cachorros, amo a vida nova que estou construindo aos poucos, enfim nada disso me causa incomodo, mas essa merda já deu, já chegou ao limite. 

Vou resolver isso uma hora, um dia, uma noite, seja lá quando for. Afinal sou aquilo que construí para durar, EU, esse eu que já fez muita cagada, já chorou muito pelas perdas e sorriu com as poucas conquistas, mas que nunca desistiu de lutar e vencer, mas que está cansado e velho para tantas outras situações.       

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